Maria Alice Estrella
Se não for pedir muito
Por Maria Alice Estrella
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Quero que o novo ano me traga uma dose extra de paciência porque a que ainda tenho está por um triz. E paciência é o meu tendão de Aquiles. Sou vulnerável exatamente nesse ponto. Tipo Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
Quero que o novo ano devolva os risos que me foram tirados. A alegria que sempre esteve comigo mudou de planeta e raramente a encontrei no ano que passou. Preciso voltar a soltar aquela risada franca e livre que brota da alma.
Quero que o ano novo me ressarça das perdas e danos nas horas inesperadas sem sequer pedir licença ou dar aviso prévio. No somatório o desfalque foi grande. Maior do que o devido.
Quero que o novo ano resgate ausências e distâncias que se estrangularam no meu peito e me repartiram em mil pedaços em dias e noites de absurda solidão. Náufraga perdida no meio do oceano sem tábua de salvação.
Quero que o ano novo me acompanhe com a idêntica suavidade do voo da borboleta branca que encontrei nessa manhã e, com o canto melodioso do sabiá que é meu vizinho e companheiro nesse começo inaugural.
Quero que o novo ano me emocione com os abraços gratuitos dos amigos de sempre e dos amigos que se façam recentes. Vale muito reviver amizades antigas e celebrar as amizades recém adquiridas.
Quero que o novo ano transforme o tique taque das horas em acalantos que embalem meus passos na cadência reconfortante de cada jornada bem sucedida. Que eu caminhe em sintonia com o tempo de ser e de estar em plenitude comigo mesma e com quem me rodeia.
Quero que o novo ano me surpreenda com um melhor desempenho no palco dos dias e que eu possa aplaudir cada cena com o entusiasmo recuperado de quem assiste a estreia de um espetáculo deslumbrante.
Quero que o ano novo chegue esbanjando saúde e energia para que eu consiga colocar em prática meus projetos, que são muitos. Novo livro, novos aprendizados, novos poemas, novas caminhadas e muita dança (mesmo que seja no recanto do meu lar).
Quero que o ano novo apazigue as minhas desavenças, serenize os meus sentimentos e me reconcilie com a menina que ainda habita em meu íntimo. Pois que há uma menina me sorrindo do fundo do espelho. Não fosse o meu nome Alice seria outra coincidência.
Quero que o ano novo me presenteie com paisagens que ainda não visitei e que conserve na minha memória os lugares que conheci com os olhares perceptivos que são meus companheiros de viagem.
Se não for pedir muito, quero que o novo ano tenha a medida certa e exata do elixir do amor em todas as latitudes e longitudes que eu seja capaz de alcançar.
Feliz 2023 a todos os meus queridos leitores!
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